É de certa forma surpreendente, como a vida longe da correria de São Paulo pode ser apreciada tão vagarosamente. Passei as férias em Ribeirão Claro, e simplesmente amei a cidade e sua calmaria! Deitada em uma rede, nos fundos da casa, parei pra pensar como é corrida a vida nos centros urbanos. Como as pessoas se tornaram escravas do tempo e do trabalho. Funcionam sob a pressão de um tique- taque incessante.
Levantam cedo para trabalhar e vão até a noite..Quase me esqueço que nesse período não se preocupam só com o trabalho. Estão preocupados com os filhos na escola, com o horário do ônibus ou com a gasolina do carro, com a casa bagunçada que deixaram antes de sair, com as contas e os depósitos que não pode esquecer de fazer ainda naquele dia, com o seu pequeno intervalo de almoço...Ah, falando em almoço, deveria ter feito a compra da casa na semana passada, a geladeira tá vazia, o shampoo acabou, droga! Alguns mandam a empregada ir às compras, outros vão ter que sair do trabalho e passar num supermercado 24 horas!
Quanta correria... Se lembro bem do que minha vó dizia, o povo da cidade levantava cedo, mas também iam dormir cedo ! Hoje as coisas as fazer são tantas que todo o dia não basta, precisam utilizar também a noite, e o tempo que lhes serviriam para dormir e descansar. Minha prima moradora de Ribeirão, contou sobre alguns empregos da cidade e explicou que pagam bem pelas profissões, pelo simples fato de não ter profissionais em muitas áreas. Lá não há disputa de emprego, o salário é melhor, o custo de vida é barato e terrenos enormes são vendidos por pechincha, Já na cidade grande a vida tornou-se disputada e cara e nada podemos fazer a respeito. Todos querem um cargo alto na empresa, e trabalham por isso ( e pelo salário que vem junto com o cargo, claro), Roubaram nosso tempo,nosso lazer, e nossa saúde pela falta de cuidado com o corpo, e os estresses que os abalam. Tudo tornou-se extremamente caro e é justamente por esse motivo que o homem metropolitano tem que trabalhar tanto.
Meus pais encantados com tudo aquilo e com aquela vida mais fácil pensaram sobre morar lá e eu simplesmente bati o pé e disse que não! O por quê de dizer "não" nem eu sei, já que a vida lá é muito melhor... Deve ser o mesmo motivo pelo qual tantos outros coitados,escravos do trabalho também negaram. O meu ridículo argumento dado aos meus pais, foi que ia sentir falta de toda essa loucura do centro de São Paulo. Acho que essa loucura nos deixou burros!
São Paulo, tendo a crer, é um mal necessário.
ResponderExcluirGK